90 anos de sabedoria, luta e amor. (Parabéns Vovô)

Hoje é o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Posso até dizer a mais importante da minha vida, afinal de contas, foi a partir dessa pessoa que todas as outras pessoas mais importantes da minha vida nasceram. Hoje meu avô faz 90 anos. Quase um século! Meu avô é simplesmente inacreditável, dificil de descrever. O que eu posso dizer sobre ele é que não existe pessoa melhor de conviver, não existe pessoa mais bem humorada. Sabe aproveitar as coisas simples da vida e valoriza todas elas. Prioriza sempre a familia e ama todos os seus netos de uma maneira incrível. É aquela pessoa que conseguiu o respeito de todos sem precisar de violência, sem precisar de gritos. É um pai de todos, um paizão. Por baixo de todos aqueles poucos cabelos brancos há muita luta, muito sorriso, muitas vitórias e muito, MUITO amor. Quanta força uma pessoa pode ter? Eu não saberia responder, se não conhecesse o meu avô. Sou um cara muito abençoado por tê-lo ainda por perto. E faço questão de copiar as coisas que ele diz, que ele faz. Ele sabe ensinar me fazendo rir. E como me faz rir! Meu avô é uma criança! Muito obrigado por ter me dado essa qualidade também, Vô. A vida é mesmo feita pra a gente sorrir, pra a gente ser feliz. Dinheiro é só pra gastar e passar troco. Amor sim, amor a gente cuida, família a gente ama, a gente preza.

De todo o meu coração, eu queria estar aí hoje no seu aniversário. Queria ver toda a família junta, comendo as comidas simples que gostamos, contando as velhas piadas que sempre rimos. E eu sei que é só isso que importa pra você. Não é o seu aniversário em si, mas ver todos perto de você.

Minha mãe me contou algumas façanhas do meu avô e como ele criava seus muitos filhos. Uma marcou minha cabeça pra sempre. Ela disse que quando todos eram crianças, Vovô gostava de reunir todos na sala, sentados no chão pra contar uma história. Essa é a imagem de pai que eu tenho. Você, Vovô, é a imagem de pai perfeito que eu tenho. E eu tenho absoluta certeza que a força dos laços que unem a nossa família vem do senhor. Muito obrigado por existir, muito obrigado por ter me dado tudo isso. Meu pai, meu avô.

Parabéns pelos seus 90 anos.

Início do 4 mês + Carta

Finalmente, o terceiro mês acabou. Vamos entrar no quarto mês. Muita coisa mudou, muita coisa aconteceu. Acho que estamos mais maduros, mais adaptados. Com tudo. Com o frio, com as aulas, com a nova cultura, com nós mesmos.

No terceiro mês, a presidenta Dilma veio fazer uma visita aos EUA e falar do programa. Escrevemos (Guilherme Rosso, Leticia Moura, Monique Gasparotto e Rafael Henrique) uma carta de agradecimento pela oportunidade. Segue, abaixo:

Boston, Massachusetts, EUA, 10 de abril de 2012.

Carta de Agradecimento à Presidenta da República Federativa do Brasil Dilma Rousseff

Excelentíssima Senhora Presidenta,

Foi com imensa satisfação e alegria que recebemos a notícia do lançamento do Programa Ciência sem Fronteiras no dia 26 de julho de 2011. Um programa ambicioso para mudar o futuro do Brasil. Orgulho e felicidade foi o que sentimos quando soubemos que estávamos incluídos no primeiro grupo de universitários brasileiros que teriam a oportunidade de vivenciar os melhores sistemas educacionais do mundo e os mais competitivos em relação à tecnologia e inovação.

Por sabermos que o Ciência sem Fronteiras é um programa concebido para promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira, por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional, nossa alegria era a própria concretização de sonhos individuais e familiares, que dificilmente seriam realizados se não nos fosse dada esta oportunidade. Principalmente para um grupo tão grande de alunos dedicados que nutriam expectativa de um dia chegar onde estamos.

Poderíamos dizer que, em muitas situações, a expectativa era bem maior que a possibilidade. E aqui estamos. Não mais em um sonho de adolescentes universitários, mas em uma real vivência acadêmica a qual nunca imaginávamos estar tão próxima. A oportunidade e experiência de vida são únicas, mas o melhor de tudo é que estaremos contribuindo para o desenvolvimento do nosso país, do nosso Brasil.

Esperamos que essa oportunidade de qualificação, a qual vai além do intercâmbio cultural, acadêmico e de vivência, nos permita contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas em áreas fundamentais para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil.

Um programa desse porte também irá melhorar a infraestrutura para a criação e manutenção de bons pesquisadores em nosso país. Será a continuidade de nossos sonhos e anseios, pois depois de formados sabemos que teremos outras batalhas para vencer.

Portanto, Presidenta, gostaríamos de agradecer os esforços do Governo Federal, das nossas Universidades e das organizações envolvidas, CAPES, CNPq e IIE, pelo investimento e acompanhamento desse programa que está servindo de exemplo para todos e permitindo uma maior visibilidade para o Brasil.

Respeitosamente,

Bolsistas Brasileiros da primeira turma em Graduação Sanduíche nos Estados Unidos da América por meio do Programa Ciência sem Fronteiras.

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É isso mesmo. Vamos em frente, Brasil. É só dessa forma que vamos superar todos os desafios e crescer, investindo sempre em educação. E se depender de nós do CsF, vamos fazer o possível pra contribuir ao máximo com as nossas experiências com o nosso país que tanto amamos.

Felicidade (A chegada de Antônio)

Quando assinamos nosso nome no ToA (terms of appointment), o contrato que definia, finalmente, nosso intercâmbio de 1 ano nos EUA, sabiamos que iriamos perder alguns acontecimentos no Brasil. Tudo na vida é assim, uma questão de escolhas.

Ontem recebi uma notícia que me fez desejar um teletransporte. Voltar pro Brasil durante um dia e depois me teletransportar pra continuar meu trabalho aqui. Meu afilhado, Antônio, finalmente, veio ao mundo. Foi um dos dias mais felizes aqui pra mim, mesmo distante. É um menino abençoado e veio trazendo alegria pra todos, inclusive pra mim que estou a alguns milhares de kilômetros. Finalmente, eu sou padrinho!

Recebi as fotos do parto e pude ver a felicidade de todos. Nossa, quanta saudade! Selecionei três pra colocar aqui.

Achei essa foto simplesmente perfeita. A gente sabe que criança não mente e quando tenta, se embaralha toda. Também não mente o sentimento de Izaura, minha prima, nesta foto. Olhem só a expressão de alegria por ver o irmão pela primeira vez. Isso é o amor mais puro e verdadeiro de irmãos e que vai durar a vida toda. Olhem só o brilho dos olhos dela. Não me aguentei quando vi essa foto.

Aqui está o meu afilhado. Bem vindo ao mundo, Antônio. Você já é muito abençoado, já é uma criança muito feliz. Não vejo a hora de voltar e poder dar um cheiro na sua cabeça. A gente vai aprontar muitas juntos. Não conte pra sua mãe!

Imagino a felicidade de todos lá. Minha família sempre foi muito apegada e agora parece estar mais do que nunca. Eu amo todos vocês e estou muito feliz!

O verdadeiro "jeitinho" brasileiro

Hoje, 5 de abril, fomos jantar num dos refeitórios da universidade, como de costume. Depois da janta, pegamos um ônibus relativamente vazio. Fomos todos sentados. Numa das paradas seguintes, muita gente entrou, o ônibus ficou cheio e algumas pessoas ficaram em pé. Meu amigo, Jonathan, de Santa Catarina, prontamente levantou-se e ofereceu lugar a uma menina que tinha acabado de entrar. A menina ainda recusou, mas, mesmo assim, ele insistiu e ela acabou sentando. Começaram a conversar, em inglês:

- Vocês são brasileiros? - Ela perguntou.

- Somos sim. Mas como você sabe? - Jonathan respondeu, sem entender como ela havia descoberto.

- Porque só os brasileiros fazem isso. - Ela respondeu.

Esse é o verdadeiro jeitinho brasileiro, é essa a imagem que queremos passar por todos os lugares que visitarmos. Queremos ser lembrados pelo nosso sorriso, pelo nosso bom humor, pela nossa capacidade de resolver problemas com gentileza, com companheirismo. Temos a habilidade de juntar povos, de fazer rir, de superar os mais diversos desafios.

O cara que vende macaxeira na minha rua, em Recife/Pernambuco, passa todos os dias bem cedinho gritando e cantando alguma coisa. 

Que povo é esse? Que povo é esse que trabalha em baixo de sol e chuva, às vezes sem receber o que deveria receber, e ainda sai por aí cantando e sorrindo? Esse é o povo brasileiro. Vamos transformar o jargão "jeitinho brasileiro" em uma coisa boa, em uma coisa que identifique o brasileiro como um povo que supera os desafios, como um povo trabalhador e com um potencial enorme.

Que isso sirva de exemplo pra todas as pessoas, de todas as nacionalidades. É o que o mundo precisa: solidariedade.